sábado, 21 de maio de 2011

Os pais também precisam de limites?

Acho interessante que nós pais, saibamos conviver com nossos filhos sempre atentos aos seus sinais. Será que somos bons pais? Será que estamos sendo egoístas ao ponto de acharmos que nossos filhos não precisam tanto assim de atenção?

Pelo que tenho acompanhado na mídia e até mesmo com famílias próximas, toda essa mudança de valores, deste mundo louco que vivemos, passa pela base familiar, tão desestruturada. Vi esta entrevista da Tania Zagury e achei interessante postar.

Revista Crescer

O estilo de vida de pais e mães das novas gerações – e a pressa em resolver tudo – impacta na educação das crianças? O novo livro da filósofa Tania Zagury abre essa discussão

Ana Paula Pontes • Foto Stefanie Hiebl/getty images
Stefanie Hiebl/getty images
Para Tania, é preciso transformar o tempo que você tem com seu filhos em momentos de enorme prazer. Leiam, brinquem, desenhem, cozinhem. O importante é ficar junto

Limites importantes são aqueles que têm um sentido educacional e social e que não implicam sacrificar as necessidades da criança aos desejos dos pais.” Esse é um dos alertas que a filósofa e professora Tania Zagury faz em seu novo livro Filhos: Manual de Instruções, voltado para os pais das chamadas gerações X (que nasceram entre 1960 e 1980) e Y (entre 1980 e 2000, ou até 2010). A obra se preocupa em dar dicas para serem aplicadas na realidade em que as famílias vivem hoje. Conciliar filhos, casamento, trabalho, casa, academia, jantar com amigos, tempo para si mesmo – e dar conta de tudo para ontem – exige ainda mais equilíbrio e bom senso dos pais. Para Tania, eles precisam, de uma vez por todas, entender que a vida muda mesmo. “Zelar pela integridade física e emocional dos filhos é um dever dos pais. Abrir mão de alguns interesses pessoais em prol do bem-estar da criança é parte desse conjunto”, afirma.

CRESCER: Você abre o livro dizendo que ele não é para pais com preguiça ou com vontade de sair para a balada, ou que querem soluções mágicas para criar os filhos. Por que foi firme nessa introdução?

Tania Zagury: Fiz isso porque o formato do livro poderia levar a uma interpretação desse tipo. Como procurei facilitar a leitura, alguns desavisados poderiam achar que é para alguém que está com preguiça de ficar com a criança. É para tirar a ideia de que ele vai ser uma varinha de condão, que basta ler e tudo acontecerá por milagre. E não vai.

C.: O que a educação dos pais de hoje difere daquela dos baby boomers, ou seja, os pais ou avós desses pais, e qual o impacto na vida das crianças?

T.Z.: Os baby boomers foram uma geração nascida após a Segunda Grande Guerra [entre 1946 até 1960-64] e quis mudar o mundo para melhor. Esses pais deram para os seus filhos a liberdade que não tiveram, principalmente a individual, o direito ao próprio prazer. Isso fez com que as gerações X e Y se tornassem mais voltadas para si mesmas, enquanto os baby boomers eram mais voltados para a conquista do grupo. Junto também aconteceram as mudanças na sociedade, que priorizou o consumo, a urgência, a rapidez. Até nas relações, não há muita persistência, porque é “preciso ser feliz logo”. E isso reflete na educação que dão aos filhos. Eles estão preocupados, têm um amor enorme, até desmedido, mas também não querem se aborrecer tanto. Para a criança não ter um chilique, dá tudo o que ela quer.

C.: E essa característica imediatista dos novos pais torna mais difícil para eles educar os filhos?

T.Z.: Sim. Nada é fácil em educação. Eu sinto que, para o pai imediatista, é duplamente complicado, porque, além de ele ter de vencer a criança na oposição ao que ela não quer, ele tem de vencer a sua tendência a ceder para não se aborrecer. É claro que é preciso escolher batalhas diárias. Se a criança chega em uma idade em que começa a escolher sua roupa, e ela não ficou muito linda, essa batalha não precisa ser discutida. Agora, se não quer escovar o dente, aí tem de brigar. O que se faz nos primeiros anos de vida do filho é fundamental para que ele seja uma pessoa produtiva, capaz de crescer na vida. Para isso precisa entender que tem horas que precisa obedecer.

C.: No livro há um capítulo de como conviver com as diferentes mídias de forma saudável. Deixar o filho assistindo a um DVD parece comodismo. E naqueles momentos que os pais precisam de um tempo para executar outras tarefas, como cuidar de um filho menor que está chorando?

T.Z.: Você pode inteligentemente unir as duas coisas. Ou seja, durante a meia hora ou uma que precisa, por exemplo, para cuidar do filho menor, pode colocar sim um DVD para o outro assistir ou jogar algo que você sabe o que é, que você escolheu. E sempre que puder, envolva-o no que está fazendo.

C.: Você acredita que a culpa dos pais hoje, por passarem menos tempo com os filhos, faz com que algumas regras e limites não sejam tão firmes?

T.Z.: Muitos se sentem culpados, então relevam tudo para não discutir com o filho no tempo que têm ao lado deles. Na verdade, isso precisa ser revisto, porque se deixar a criança fazer tudo, imagina como vai ser depois? Ao mesmo tempo, a culpa pode ser um instrumento para nos tornarmos ótimos pais. Transforme essas duas horas que você passa com seu filho em enorme prazer. Isso não quer dizer ir ao shopping e comprar tudo, e sim ficar em casa mesmo, para jogar um jogo, fazer uma refeição juntos, assistir a um filme de que ele gosta muito e criar o hábito de conversar. Essas duas horas diárias e os fins de semana são mais do que suficientes desde que qualitativas.

C.: E se depois de ler o livro, uma mãe com um filho com 4 ou 5 anos percebe que poderia ter feito muita coisa diferente? Dá tempo de reverter?

T.Z.: Sempre dá tempo de mudar. Até o fim da adolescência dá tempo de consertar o que de repente vemos que fizemos de um jeito não tão ideal. Claro que, quanto mais tarde, mais demorado é o processo. Mas depende também de uma mudança de atitude dos pais, que não podem ir e vir na maneira que estão educando os filhos, senão eles ficam sem referência. Educar dá trabalho, é difícil, é repetitivo, mas o bom é que dá para você reverter sempre, desde que quem educa esteja firmemente imbuído nesse propósito.



Em 'Filhos, Manual de Instruções', a autora aborda aspectos vivenciados por pais e mães durante o processo educativo de seus filhos. Nesse livro, Tania Zaguri oferece dicas de como reagir à situações do cotidiano, como por exemplo, o fato de a criança se recusar a comer, desligar a televisão e estudar ou até mesmo a pirraça feita na hora de dormir. Além disso, a autora retrata temas relacionados à formação e socialização das crianças, mas que ao mesmo tempo podem trazer desgastes e problemas para o dia a dia - relação da criança com a mídia, relacionamento com meio irmãos. O intuito desse livro é orientar pais e mães para que consigam superar essas dificuldades.

3 comentários:

Natália Cardoso disse...

Adorei esta reportagem! Vivo neste mundo louco de mil coisas a fazer, e não é fácil equilibrar tudo! É uma tarefa árdua, e diária!

Entre rosas e princesas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Entre rosas e princesas disse...

É verdade Nat. Nosso tempo é outro né? Resta-nos, ao invés de nos empenhar em quantidade dar qualidade.
beijosss obrigada por comentar.

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